Esta é outra receita favorita das minhas pequenotas. Aparentemente, são várias as receitas a ocupar o pódio e a nova vencedora é “schpáguét com ursinhos de gomas” que eu, obviamente, ignoro. Mas obviamente não é dessa que vou falar. Aqui em casa, esta receita é conhecida como a sopa da Avó, mas para o caro leitor é canja. A canja. É das tais receitas que requer esforço mínimo (não tendo que matar o frango), mas tempo de preparação (mesmo não matando o frango). Ponho um frango dentro da panela de pressão, encho com água até dois terços, e tempero com um ramo de salsa, sal, pimenta, uma cebola picada, meia folha de louro e uma cenoura inteira mas descascada. Espero até a panela apitar e, depois, ponho o fogão no mínimo. Deixo cozinhar durante uma hora no total. Depois, desfaço o frango, tento cortar em pedacinhos a cenoura hiper cozida, que já serviu o seu papel – dar mais gosto ao caldo – mas que ponho na mesa para quem quiser juntar à canja. Volta o caldo à fervura, junto o frango desfeito e massinhas. É daquelas refeições que, salpicada com limão e hortelã, é só conforto e saudade.
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Sopas
Mentalizo o próximo post e dou por mim a “falar do tempo”. Recuo, mas não consigo evitar o pensamento fatídico: “Será mau sinal? Quando já só se fala do tempo…”. Mas recuso o sinal e entrego-me às sopas.
Penso em sopa e salivo. Esta é a fase em que estou. Vou arrastando o resto da família comigo. As princesinhas do Reino comem-na, sôfregas, diminuindo até ao limite, espaço e tempo entre colheres. A minha sogra comeu e não comentou – isto porque nem conseguiu proferir palavra perante tal maravilha culinária que saíu da minha panela de pressão! O meu marido juntou sal, pimenta, provou, mais sal e, respondendo à minha pergunta, disse “muito bom”. Eu não sei quantas vezes voltei à panela de pressão, mas nesse serão fiz da sopa entrada, sopa, prato principal e sobremesa.
E como fiz a sopa: demolhei cerca de 150 gr. de grão durante o dia e cozi-o sobre pressão. Cortei 2 batatas, uma cebola, 4 ou 5 cenouras e a parte branca de um alho francês em cubos ou tiras e atirei tudo para a panela de pressão. Juntei o caldo e reservei o grão. Sal e azeite. Entretanto, num tachinho, cozi espinafres e massinhas de letras. Quando a panela deu os devidos apitos, triturei tudo a preceito e juntei os espinafres e massinhas.
Mas há outra “summer queen” no reino das sopas da prússia. Com uma base parecida à anterior, mas sem grão e com 2 tomates no puré, e com feijão verde em vez de espinafres. E muita hortelã no fim, a temperar.
Assim se fez o mês de Agosto, não só com sopas, mas também com muito mar do Norte, muito sol, vento e cabelos a voar. E com a inevitável pergunta dos prussianos a quem vem do outro extremo da Europa: “Então, isto é melhor que o Algarve?” E eu dou a vaga resposta “Não é possível comparar”. E como poderei eu comparar a solidão das praias do Norte com o barulho das praias de Agosto no Sul. As dunas do Norte com as minhas falésias ou a areia prateada com a areia dourada. Mas tenho que aqui afirmar que as gaivotas do norte são mais atrevidas. Se eu deixar, vão-se com o bico ao meu farnel.
O poema possível
Para mim, os poemas não pertencem em livros. Aí, estão estrangulados, presos entre páginas e pó. Os poemas, são para ser cantados e gritados. E, hoje, só há um poema possível*:
- Grândola, vila morena
- Terra da fraternidade
- O povo é quem mais ordena
- Dentro de ti, ó cidade
- Dentro de ti, ó cidade
- O povo é quem mais ordena
- Terra da fraternidade
- Grândola, vila morena
- Em cada esquina um amigo
- Em cada rosto igualdade
- Grândola, vila morena
- Terra da fraternidade
- Terra da fraternidade
- Grândola, vila morena
- Em cada rosto igualdade
- O povo é quem mais ordena
- À sombra duma azinheira
- Que já não sabia a idade
- Jurei ter por companheira
- Grândola a tua vontade
- Grândola a tua vontade
- Jurei ter por companheira
- À sombra duma azinheira
- Que já não sabia a idade
Bolo salgado com cenoura e sua rama
Esta foto aguçou-me o apetite. Não a tinha na lista do supermercado, mas trouxe um belo ramalhete de cenouras para casa, com o intuito de usar a sua rama. A minha mãe costuma fazer pataniscas com a rama, mas desta vez tive vontade de um bolo salgado e fui buscar a receita às three fat ladies. Bati muito bem três ovos com 1 dL de óleo e 100 gr. de iogurte natural. Juntei a rama de cenoura bem picadinha e 4 cenouras raladas à massa. Temperei com sal, pimenta e uma colher de sopa de caril. Acrescentei 180 gr farinha (e uma pitada de fermento) em chuva e envolvi suavemente. E por fim, cortei uma bola de queijo mozarella – porque não tinha feta – em cubinhos e juntei à massa. Em forma de bolo inglês forrada com papel vegetal, coloquei a massa. Levei a forno aquecido a 180 graus durante 50 minutos. Come-se bem quente e frio, mas come-se melhor morno, para sentir o queijo derretido envolvido na massa.
Mas continuei com o ramalhete da cenoura na cabeça e hoje fiz arroz malandro com rama. Fritei arroz de bago redondo em alho e azeite e juntei água numa razão 3:1. A meio da cozedura, juntei a rama da cenoura picada. Muito bom.
Gosto muito do sabor forte da rama da cenoura e, de acordo com o que se lê por essa internet fora, parece que a rama é nutricionalmente mais rica que a cenoura. E ideias para pôr o ramalhete no tacho não me faltam. Talvez da próxima experimente num arroz de feijão.
A minha sopa favorita …
Um shot de vitaminas
O inverno consome-me. Leva-me a energia e a resistencia. E abre-me o apetite, de uma maneira voraz, especialmente para alimentos bem calóricos. Mas hoje, o apetite era de cor e vitaminas. Peguei no vermelho de uma beterraba, no laranja de 2 cenouras, no verde de um molhinho de coentros e no vermelho-verde de uma maçã. Descasquei a beterraba, confiei no selo biológico da cenoura e deixei a sua fina pele marcar presença (e a maçã, aqui em casa, não sabe o que é sair da casca, de todos os modos). Bati tudo no mixer com alguma água, pus num copo alto e rectifiquei a água. Juntei uma colherinha de açúcar, mais coentros picados e um gole de azeite para suavizar o gole. E saborei este arco-iris de cores avistando da janela a paisagem branca, monocromática.