Há uns tempos, uma amiga grega falou-me de uma receita (de família) de tomates recheados, enquanto me contava as estórias de terror que o povo grego hoje vive. Séculos antes de Cristo, quando os povos bárbaros andavam de chacina em chacina, sedentos de sangue, os gregos revolucionaram o modo de pensamento humano no mundo ocidental. A Grécia antiga foi o berço da civilização ocidental e hoje, o sistema capitalista que se impõe na Europa, não faz mais que renegar as suas origens.
Quando vi a receita da Fer de tomates recheados lembrei-me da receita da minha amiga e tentei improvisar. Cortei tampas a cinco tomates, escavei-os com uma colher e reservei o seu interior. Pu-los em forno aquecido a 180 graus temperados por dentro com sal, azeite e manjericão picado. Triturei o recheio do tomate com um dente de alho e mais manjericão e, com este molho, cozinhei uma chávena de arroz, deixando-o ficar bem al dente. Piquei um cebolo e misturei com o arroz. Retirei os tomates do forno meia hora depois e recheei com o arroz e com quadradinhos de queijo, que eu queria que fosse feta, mas não foi porque não tinha. Com o arroz que sobrou. preenchi os espaços vazios da travessa que levou os tomates. Foi mais 15 minutos ao forno, até dourar. Foi uma refeição bem reconfortante. Mas neste momento de crise, precisamos de um pouco mais do que reconforto.