Aqui há carne (I)

O nosso carneiro de domingo de Páscoa foi frango assado no forno. Tenho que confessar: refeições sem carne ou sem peixe têm escasseado na nossa mesa. E por uma boa razão. De todos os modos, frango assado é o prato favorito das minhas princesas. A minha filha mais velha (ou maior, como ela faz questão de frisar. “Eu não sou “véi-a”, mamã,”) pede a pernoca do bicho, embrulha o osso visível em guardanapo e delicia-se a morder a carne. A minha filha mais nova, diz-me “I-au”, que traduzindo de “bebês” para Alemão para Português, significa: “eu também”. E esta receita de frango é mesmo para comer à mão e molhar muito pão no molho. E lamber os dedos a seguir. Sim, uma decadência. Das boas. 

Comecei por ligar o forno a 200 graus. Depois, fiz o molho que iria temperar o frango. Misturei sal e pimenta com azeite, oregãos e pimentão doce. Pincelei o frango. Cortei em oitavos quatro cebolas. Pus o frango num tabuleiro pincelado com azeite e distribui um limão também em oitavos, guardando duas partes do citrino dentro do frango. Reguei com cerveja. Foi ao forno. Meia hora passada, virei o frango e juntei as cebolas, dentes de alho com e sem camisa, e batatas cortadas em longitude. Mais meia hora, e foi para a mesa. As batatas revelaram-se supérfluas. O ponto máximo da decadência atinge-se apenas com o frango e o pão no molho. Bom, a minha filha deu um passo ainda mais à frente e quis comer o molho à colher. 

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Laranja com oregãos

Para mim, laranjas são para comer ao natural. Mas as que chegam aqui à Prússia já vêm secas e sem doce, por isso comê-las ao natural não é opção. Hoje, cortei uma aos quadradinhos e juntei à salada de valerianella. Fiz um vinagrete com azeite, vinagre balsâmico branco, flor de sal, oregãos e uma colher de chá de mel. Laranja com oregãos combina mesmo bem.

 

Onde estás, Lua?

Foi alegre que hoje voltei a tirar a bicicleta da garagem. A neve desapareceu na noite e, ao amanhecer, um Sol de 6 graus brilhava num céu azul. Ao regressarmos a casa, com uma leve brisa de lusco fusco, e um céu onde começavam a chegar as primeiras estrelas, a minha filha perguntou-me: “mamã, on’e xtá a Lua”, “está ali, no céu, amor”, respondi, apontando para o satélite. “on’e xtá? on’e xtá?”, entre árvores e casas, a Lua cheia brincava connosco às escondidas. “Onde estás, Lua? Luuuuaaaa!! Onde estás?”, chamei, “Luuuuaaa, ‘xtamos ‘qui”, reforçou a minha filha, “a’na cá!!”. Ao avistar a Lua a espreitar por detrás de um prédio, disse: ” ’tá ‘qui, Lua, Lua bola, né mamã?”, “A Lua está cheia, amor, fica assim com a forma de uma bola”. E ao chegarmos a casa, a minha filha despediu-se da sua nova amiguinha de rua. “Casa ’tá aqui, adeus Lua!…”, “Até amanhã, Lua”, disse eu. A Lua banhou-nos com o seu luar e trouxemos para casa a brisa da Primavera. Que inspirou o jantar.

Cortei 3 batatas grandes em cruz e às fatias fininhas e pus numa frigideira com azeite. Cortei uma cebola aos cubinhos e meio pimento vermelho às tirinhas. Juntei e mexi tudo. Cortei meia curgete aos cubinhos e voltei a misturar. Temperei com sal, oregãos e sementes de coentro. Juntei um gole de água, baixei o lume e tapei. Ao fim de 5 minutos, as batatas estavam cozinhadas. Pus num prato de servir e voltei a por mais um fio de azeite na frigideira. Juntei algumas amêndoas picadas (inspirada pela Filipa) e meia dúzia de tomate-cereja. Fui agitando a frigideira até as amêndoas dourarem uniformemente. Misturei com os legumes, levei à mesa e disse à minha filha: “vamos para a mesa, querida, hoje a primavera vem jantar.”

Simples e bom…

…é como o bom e barato: muitos pensam que é um mito urbano, outros pensam que é manobra de marketing. Mas a verdade é que às vezes é possível encontrar bom e barato e outras vezes é possível fazer um belo petisco com poucos recursos e, ainda por cima, vapt-vupt. Foi o que eu fiz quando uma grande amiga de visita aqui à Prússia me ligou e disse que naquele dia vinha jantar cá a casa. Vi-me com uma hora para preparar o repasto e comecei pela sobremesa, para a qual contei com a preciosa ajuda da minha filha. Depois, fiz os cestinhos de tomate e pepino e o meu marido fez uma das suas saladas maravilhosas do costume. Para a mesa foram os montaditos do costume. E eu desenrolei uma folha de massa folhada, pincelei com pasta de azeitonas e salpiquei com sal, pimenta e oregãos. Enrolei como se de uma torta se tratasse, cortei em fatias de cerca de dois centímetros e levei ao forno a 175 graus por cerca de 12-15 minutos, até a massa ficar douradinha e crescida. E saíram do forno uns belos carocolinhos!