Três anos e a ode ao Outono

Lembro-me bem quando o reino da Prússia fez um ano: um mês antes estava já a magicar o que fazer para comemorar, e houve direito a desafio e tudo. No segundo ano, a celebração foi mais simples. E no terceiro ano… esqueci-me! Procuro a desculpa no mês de Outubro, que tem uma meia dúzia de comemorações cá em casa que começam no início do mês e que se vão estendendo, espraiando, chegando mesmo a tocar Novembro. Assim foi este ano e, no meio de tantas celebrações, houve direito a tantos e mais bolos. Mas para celebrar o terceiro aniversário do Reino da Prússia, escolhi um bolo de maçã que o Nigel Slater sugere no inspirador “Ripe”.

Isto porque, se tivesse eu que atribuir um embaixador ao Outono, entregaria o cargo e responsabilidade à maçã – aqui na Prússia, porque o meu representante português do Outono é outro. Mas foi aqui que provei a melhor maçã do mundo, e compreendi porque é que a serpente a escolheu!

Partilho agora convosco, queridos leitores, nesta celebração tardia, uma fatia deste bolo. Mas confesso; fui leviana e não segui a receita do mestre à letra. Queria, mas senti-me sufocar em colesterol nos 220 gr de manteiga. E depois o que eu queria mesmo era usar num bolo a marmelada de maçã que tinha feito  uns dias antes. E troquei a marmelade pela marmelada. E, mais, a mim, nem às doze badaladas do 31 de Dezembro me apanham com passas na mão! Mas eu deixo a receita original.

Ingredientes: 220gr. (180 gr) de manteiga, 210 gr. de açúcar, 4 ovos, 250 gr. de farinha integral, fermento, canela, 200 gr. de maçã descascada e descaroçada, 100 gr. passas ( que passei),  125 gr. de compota de laranja (marmelada de maçã), raspa de laranja (pus de limão) e açúcar para polvilhar.

Método: Aquecer o forno a 160 graus; barrar com manteiga uma forma circular de 20 cm de diâmetro e polvilhá-la com farinha; bater o açúcar com a manteiga até obter uma mistura leve e fofa; entretanto, bater os ovos levemente e reservar. Misturar a farinha com o fermento e a canela; cortar as maçãs em troços com menos de 1cm. Misturar as maçãs (com as passas), a marmelada e a raspa do limão. Juntar os ovos à mistura de açúcar e manteiga, intercalando com a farinha. Incorporar a fruta na massa e colocar a mistura na forma. Polvilhar com açúcar. Levar ao forno por uma hora e 15 minutos ou até o teste do palito ser positivo. Servi com um iogurte denso de baunilha.

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Breakfast Jemima

Este é um belíssimo pequeno almoço para a época festiva. A ideia veio de uma amiga minha indiana. Ela fez  crepes (apenas com água e farinha) e fez um puré de frutas e especiarias fantástico. Triturou algumas frutas que haviam em casa e temperou-as com canela e cardamomo. Desta vez, o que fiz foram panquecas de aveia e farinha integral e fiz a olho. Peço desculpa pela imprecisão desta receita, mas o exercício que tentei fazer para rever as quantidades foi infrutífero. Assim, deixo a lista de ingredientes e o leitor por sua conta e risco: leite, ovos, farinha de trigo (integral e refinada) e flocos de aveia.

Porque a essência desta receita é o que agora descrevo: triturei uma banana com uma maçã e um kiwi. Juntei canela, cardamomo e coco ralado e mexi. Recheei as panquecas com este puré e descobri que o Natal assim, com  um toque indiano é ainda mais sagrado! Desejo a todos um bom Natal e um próspero ano novo!

Maçanada de marmelo …

… ou marmelada de maçã? De um passeio de fim de semana a um parque da cidade, veio um belo carregamento de maçãs e da minha sogra vieram marmelos. Pensei que haveria de fazer marmelada e, ao partilhar a ideia com o meu marido, ele sugeriu que juntasse também maçãs. Assim fiz. Fui ao meu caderno de receitas e abri na receita de marmelada que a minha avó me deu. Comecei por pôr 4 marmelos inteiros a cozer na panela de pressão com 1 dL de água. Entretanto, descasquei e descarocei 6 maçãs. Dez minutos depois, retirei os marmelos da panela e pus as maçãs com mais um gole de água. Deixei os marmelos arrefecerem e retirei-lhes as sementes e pele, tarefa agora muito mais fácil do que quando estavam crus. As maçãs cozeram 10 minutos e ficaram feitas em puré. Juntei os marmelos (depois de cozidos, descascados e descaroçados ficaram em cerca de 750 gr) às maçãs (depois de descascadas e descaroçadas, cerca de 750 gr.), triturei com a varinha mágica, juntei um pau de canela, um cálice de vinho do porto e 600 gr. de açúcar amarelo. Misturei bem e fechei a panela de pressão. Deixei cozinhar cerca de 20 minutos, abri a panela depois da pressão sair e dei umas mexidelas (nesta etapa é preciso algum cuidado para não se queimar com o doce, que borbulha bastante). Voltei a fechar a panela e cozinhou mais 10 ou 15 minutos. Depois da panela abrir,  distribuí por taças e, quando a marmelada secou, pincelei umas gotinhas de medronho por  cima e tapei com papel vegetal, para conservar melhor.

Esta marmelada não ficou dura, ficou com consistência de compota e o sabor do marmelo sobrepôs-se ao sabor da maçã, apesar deste ter uma subtil presença. Não é de cortar à faca, mas de comer à colher – confesso – directamente da taça, enquanto cantarolo a música do Pica-pau amarelo, que não me sai da cabeça desde que o meu marido me sugeriu juntar maçãs e marmelos na mesma … marmelada ou maçanada?? E, pelos vistos, não sou a única com a música no ouvido!

Um shot de vitaminas

O inverno consome-me. Leva-me a energia e a resistencia. E abre-me o apetite, de uma maneira voraz, especialmente para alimentos bem calóricos. Mas hoje, o apetite era de cor e vitaminas. Peguei no vermelho de uma beterraba, no laranja de 2 cenouras, no verde de um molhinho de coentros e no vermelho-verde de uma maçã. Descasquei a beterraba, confiei no selo biológico da cenoura e deixei a sua fina pele marcar presença (e a maçã, aqui em casa, não sabe o que é sair da casca, de todos os modos). Bati tudo no mixer com alguma água, pus num copo alto e rectifiquei a água. Juntei uma colherinha de açúcar, mais coentros picados e um gole de azeite para suavizar o gole. E saborei este arco-iris de cores avistando da janela a paisagem branca, monocromática.

Bolo de Maçã

A minha sogra está de visita esta semana. Para lhe dar as boas vindas, resolvi fazer um bolo de maçã. Para ter a certeza de que nada ia falhar, segui à letra a receita do bolo de maçã da minha avó. Juntei 10 colheres de sopa de açúcar a 4 ovos e bati. Juntei alternadamente 10 colheres de farinha com fermento e 8 colheres de leite e mexi com a colher de pau. Untei e enfarinhei uma forma redonda, onde deitei a massa. Cortei três maçãs às fatias e dispus por cima da massa. Levei ao forno aquecido a 150 graus até o palito sair seco. Desenformei numa travessa e pus na bancada. Quando cheguei a casa, perguntei-lhe se tinha provado o bolo. Ainda não, mas é para já, e comemos todos uma fatia deste bolo que teve a aprovação da sogra, do marido, da filha e minha, claro. Depois perguntei-lhe por receitas de bolo de ruibarbo. “É fácil”, replicou, “fazes a mesma massa deste bolo mas sem claras, dispões o ruibarbo cozido e, por cima, as claras batidas em castelo. ou entao fazes um kaesekuechen com ruibarbo.”