Almôndegas

Ontem, acompanhei um episódio da visita da Frau Merkel a Portugal no youtube. E reparei como a senhora franzia olho e sobrolho a olhar o mar naquele dia de verão de são martinho. Será muita luz para a sua menina do olho, habituada à escuridão do inverno bárbaro.

Aqui o sol está distante e sem brilho. E está frio. E, ainda por cima, não há verão de São Martinho. A minha filha disse-me: “Oh mãe vamos dormir e só acordamos quando formos para Portugal”, e eu concordei, obviamente, estimulando ainda mais a minha vontade de hibernar. Não podendo satisfazer este meu desejo, enrolo-me no conforto do lar com mantas, chá e almôndegas.

E faço-as assim: misturo 500 gr de carne picada com cerca de 4 colheres de sopa de flocos de aveia, 1 dL de natas, (muita) salsa picada, uma cebola picada, sal e pimenta. Misturo tudo e formo bolinhas, que reservo. Faço um molho de tomate bem apurado, com cebola e mais salsa e, quando este fervilha, junto as bolinhas de carne. Deixo cozinhar muito lentamente, em lume brando, por mais de uma hora. E sirvo-as enroladas em linguini.

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Serão de Outono

Quando vi a data do último post, mal podia acreditar que tanto tempo passou. Mas hoje, enquanto fazia o jantar, acompanhou-me a vontade de publicar. E conto-vos as minhas deambulações culinárias começando no fim, na mezinha que tenho ao lume.

É Outono e os 10 ou 12 graus Celsius que se sentem na Prússia não perdoam o mais distraído que se esqueceu que o Verão acabou. Chegaram as constipações e, cá em casa, foi o meu marido a vítima. E foi por acaso que vi no site do Slow Food Algarve  uma mezinha algarvia à qual sabia que o meu marido não resistiria. Se quiser tentar, precisa de 600 gr de mel, um pau de canela, casca de um limão e meio litro de água. Ferva tudo e deixe apurar. Depois, coe e junte a meio litro de medronho. Prove e chame-lhe pomada.

E para o jantar, andava indecisa entre uma beringela listrada – que só comprei pelo seu adjectivo – no forno com tomate ou uma salada de bulgur e legumes, quando um alho francês me sussurrou “quiche”. Desenrolei uma embalagem de massa folhada sobre um tabuleiro com papel vegetal e existe algo de mágico, fascinante na massa, que atrai a minha filha à cozinha. E assim veio ela a correr, dizendo, “ó mãe, eu ajudo-te!!”. E sem esperar pelo meu sim, encostou a sua cadeira à bancada. Eu tirei os ovos e ela partiu-os. Quatro, certeiros. Eu juntei 125mL de leite a outros tantos de farinha, mexi bem e ela misturou-os com os ovos. Eu juntei sal e pimenta e ela entretanto já tinha desaparecido para outra aventura. Depois, cortei em troços um alho francês – os troços da parte branca mais largos que os da parte verde – despejei a massa no tabuleiro e distribuí os troços. Ralei por cima algum parmesão e foi ao forno a 180 graus, cerca de 40 minutos. Servi com uma salada de alfaces.

Também ao forno foi a sobremesa: pus 4 metades de marmelo num tabuleiro de barro, com a parte plana virada para baixo, salpiquei com açúcar e canela e reguei com sumo de maçã. Não sei quanto tempo ficou no forno, mas foi até todo o marmelo estar tenro. Servi com iogurte de baunilha.

Assim foi este serão de Outono cá em casa. A quiche brilhou entre os adultos e a pequenota maior. Já a pequenota “pequenota”, decidiu usar os pedacinhos de quiche para aprender a relação entre distância e velocidade, observando a sua queda livre do alto da sua cadeira até ao chão.

Já à sobremesa, a distinção entre adultos e crianças foi clara, optando os adultos pelos marmelos e as crianças pelo iogurte. E eu, pelos dois.

Abóboras recheadas

Tinha três abóboras pequeninas que trouxe do mercado pensando recheá-las. Naquele dia, ao preparar o jantar, foi com uma certa dor que lhes espetei a faca na sua pele fina e carne consistente, pois tão bonitas ficavam na minha fruteira. Mas cortei-lhes as cabeças, fazendo tampas, raspei os caroços com uma colher e foram ao forno a 180 graus temperadas com sal, azeite e tomilho. Entretanto, cortei uma batata doce às fatias e juntei às abóboras.

Para o recheio, cortei uma mão cheia de cogumelos, um fim de zucchini amarelo, um palmo de alho francês e uma cebola. Cortei uma cebola, juntei bacon aos cubinhos, algum azeite e deixei cozinhar em lume brando durante uns 10 ou 15 min. No fim, juntei uma colher de sopa de crème fraîche e moí pimenta, mexendo bem. Quando as abóboras já estavam assadas (testei a consistência suave da sua carne), recheei-as com a mistura de legumes, colocando o resto dos legumes na assadeira a rodear as abóboras. Salpiquei com queijo ralado, pus-lhe os seus chapéus e voltaram ao forno a dourar. Muito bom.

Outubro …

… é um mês de comemorações. Comemora-se a chegada do Outono, que transforma em oiro e rubi, as folhas verdes que o verão abandonou. Comemora-se a implantação da Republica Portuguesa e comemora-se a unificação da Alemanha.

Comemoramos o aniversário da minha filha, mas ela não é a única de parabéns em Outubro. O reino da Prússia também está de parabéns, comemorando hoje 2 anos. Na verdade, eu comemoro este espaço todos os dias (ou quase!) pelo prazer que me dá, pelo feedback tão positivo que recebo e pelas amizades construídas com base no gosto comum pela cozinha.

A todos os meus leitores, muito obrigada por passarem por aqui. São vocês que dão vida a este espaço! E porque não há aniversário sem bolo, deixo a receita do bolo que fiz para o aniversário da minha filha. Quando lhe perguntei se queria bolo de chocolate ou de maçã, a sua resposta foi clara: chocolate. Então, fiz esta receita do bolo de laranja da minha avó, trocando o sumo e raspa de laranja por um copo de leite com três colheres de chá de cacau. Ficou um bolo fofinho e com preponderante sabor a chocolate. De repetir!